"Amar não é ter que ter sempre certeza. É ACEITAR QUE NINGUÉM É PERFEITO PRA NINGUÉM".
Esta música, "O Que Eu Também Não Entendo", de autoria da banda Jota Quest, ouvida por mim inúmeras vezes, traz algumas verdades a todos que a escuta e muitas vezes passam despercebidas, ou até mesmo, sabemos de seu significado mas não queremos enxergar.
Eu, por exemplo, nunca parei para pensar em algumas coisas tão óbvias e que essa música traz.
Mas, nesse final de semana mais precisamente, eu comecei a refletir sobre algumas coisas que aconteceram e , no final das contas, essa frase que coloquei aí em cima da música, não saiu da minha cabeça. E não em forma de música, mas em forma de pensamento.
Eu sempre tive a errada mania de idealizar pessoas, situações, relacionamentos. Sempre quis que tudo acontecesse de tal forma comigo, sempre fui metódica e, se algum plano meu falhasse ou não acontecesse como o esperado, eu simplesmente surtava. Não é a toa que faço terapia.
Se alguma pessoa, por mais brilhante que ela fosse, por mais excepcional, se eu visse algo que EU considero um defeito (por mais que, não, necessariamente, seja um defeito), eu simplesmente encontrava alguma maneira de sair fora do convívio com essa pessoa. Eu deixava de ver todas as qualidades dela e focava apenas naquele mísero defeitinho, mas que para mim, já era o fim do mundo, já era o caos. E eu não me sentia bem ao olhar para essa pessoa porque tudo que vinha à minha mente, adivinhem? Era a porra do defeito. Ao invés de pensar tudo de bom que essa pessoa trazia, eu apenas pensava naquela coisa ruim e que às vezes nem é tão ruim
Já cortei relacionamentos pela raiz não porque não gostava da pessoa, mas por algo que ela tenha feito, dito ou apenas pensado de uma forma diferente de mim. Já cortei relacionamentos apenas porque o carinha não curtia "Batman- O Cavaleiro das Trevas", o meu filme favorito. (E até hoje penso: COMO NÃO AMAR ESSE FILME?), mas ok.
Já me desencantei de um gentleman que me dava flores porque ele era Palmeirense apaixonado (e eu Corinthiana ROOOXA). Quando a gente saía, ao invés de gamar nas flores, eu olhava pro coitado pensando: "Palmeiras, eca!", "Palmeeiras, eca". Tudo bem que a gente nunca viu um clássico juntos e tudo bem que ele falava pra gente simplesmente ignorar essa parte. (Mais uma vez, eu: COMO?) e então, como no exemplo acima, a coisa dentro da minha cabeça tomou proporções gigantescas e FIM. Dei qualquer motivo, sumi, desapareci, caí fora.
E isso eu sabia que poderia muito bem se repetir... E eu sabia que iria dar qualquer desculpinha e tchau, curau.
ATÉ ENCONTRAR O VERDEIRO AMOR.
Aí então, eu encontrei, sabe? Aconteceu comigo o que acontece com todos. Eu me apaixonei pra valer, ele também. Eu não queria me desgrudar dele e até hoje não quero e ele também não.
Mas, assim como os dois dito cujos ali de cima, o meu também tem um defeito. E, para mim, que sou uma eterna sonhadora e idealizadora de pessoas, sempre achei que quando fosse pra encontrar o príncipe encantado ele seria Corinthiano (e ele é), gostaria de Batman e filmes no geral (e ele gosta) e seria perfeito para mim em todos os aspectos.
Mas, um certo dia descobri que ele não era o meu Príncipe Encantado Idealizado.
Ele tinha algo que eu não gostava, como os outros. Só que, eu gostava muito dele. Mais do que dos outros.
Porém, esse algo era pior que o dos outros porque, de certa forma, não tinha como mudar.
Não que eu fosse capaz de transformar um Palmeirense em Corinthiano, mas isso era algo à parte que tem como não envolver no relacionamento.
Mas, dessa vez, eu sabia que, de certa forma, esse Príncipe Encantado Idealizado já não era tão Príncipe assim porque o defeito dele meio que destruía um dos sonhos meus, uma idealização. Confesso que achei que o amor que sentia por ele diminuiu aquele dia. E que eu nunca mais ia poder amá-lo da mesma forma.
Mas eu estava enganada porque eu apenas valorizei demais o "idealizado". Ele podia ser apenas o meu Príncipe Encantado. E, quando passei a aceitar isso, vi que poderia, sim, amá-lo apesar das coisas que eu considero ruins. Não sei dizer que se ele fosse o carinha idealizado e se não tivesse destruído meu sonho, se as coisas teriam sido melhores ou piores. Não sei eu amaria mais ou menos como amo hoje, porque enfim não aconteceu e nunca se sabe como seria uma coisa já que ela não aconteceu.
Mas eu juro que acho muito difícil, nesse caso, a idealização superar a realidade e o que temos hoje, apesar de todas as minhas preocupações. Porque eu realmente aprendi com ele que eu sou capaz de amar com todas as minhas forças alguém real (com qualidades e defeitos) e não apenas alguém imaginário.
Não que aqueles dois carinhas também não tivessem esse tipo de "defeito" que o meu tem. Mas é que com o Príncipe era diferente. Porque eu sabia que eu não queria ir embora. E eu sabia que, apesar disso, ele era encantador para mim. E eu sabia que queira ficar com ele.Ele era muito melhor que qualquer pessoa com quem já estive e tem qualidades excepcionais.
Mas, digo que depois de descobrir o defeitinho em questão, passei por aquela fase da música do Jota Quest: "Já pensei em te largar, já olhei tantas vezes pro lado, mas quando penso em alguém, é por você que fecho os olhos".
E então, eu constatei que eu estava realmente amando ele, apesar daquela que para mim era uma imperfeição,e que mesmo se eu terminasse com ele, como já terminei com o Palmeirense e como já terminei com o Anti-Batman, ia perder a chance de estar com alguém que realmente é meu Príncipe. E ia perder a chance de fazer uma história, de fazer a nossa história.
E esses dias eu descobri que foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida.
Ele me forçou, de certa forma, a ter que lidar com um "problema" e não a fugir dele. E ele me fez ver que, sim, ele é perfeito apesar das imperfeições.
E que eu escolhi ficar com ele por tudo que ele faz de bom pra mim e não por algo que eu não goste nele.
Claro que, às vezes fico chateada com algumas coisas, eu queria que fosse diferente alguns pontos, mas o mais importante é que ele foi o único (não idealizado) que me fez querer ficar com ele.
É muito raro encontrar o Príncipe Encantado Perfeito porque ele é idealizado. E às vezes não é legal manter uma idealização de uma pessoa ou de uma coisa pro resto da vida.
Às vezes tem que deixar algumas convicções de lado para poder viver e aproveitar os momentos bons que a vida proporciona e as pessoas encantadoras que a vida traz, apesar dos defeitinhos.
Porque, claro, eu também tenho defeitos e qualidades e cada um tem uma visão de mundo. Cada um pode escolher o time que quer torcer e isso não muda.
Cada um traz uma história que tem que se ajeitar quando a vida segue.
Mas, quando duas pessoas que são boas umas para as outras, que se amam de verdade e têm afinidades, é obrigação deixar a vida seguir e aceitar tudo de bom e ruim que a pessoa traz.
E então, fazendo uma pequena alteração em outro trecho de "O Que eu Também Não Entendo" (licença, Jota Quest): Eu sei que meu príncipe nunca foi perfeito, mas comigo ele pode ser até ele mesmo que eu vou entender.
(E eu espero que esteja entendo.)
E aos poucos fui descobrindo que o relacionamento é muito mais que os pequenos defeitos e que o importante é saber valorizar a pessoa que está com você, por tudo de bom que ela faz por você e tentar enxergar que coisas ruins sempre vão existir, e que as pessoas nunca são 100% perfeitas. Mas precisamos saber que se ela já é 99% perfeita, o relacionamento já está mais do que perfeito.
E finalizando, já passei pela primeira frase da música que abri esse texto (de não ter a certeza sobre o amor), e agora tenho a segunda como um lema, por isso repito:
AMAR É ACEITAR QUE NINGUÉM É PERFEITO PRA NINGUÉM.