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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Especial Nouvelle Vague: Os Incompreendidos (1959)



Por Sofia Lobo
Antoine Doinel (Jean Pierre Léaud) tem 14 anos e muitos problemas. Em casa, os pais são omissos. Odeia a escola e vive aborrecendo o professor autoritário, que o castiga freqüentemente. Decide fugir de casa e recebe ajuda de um colega de escola, que o acolhe em casa. Antoine passa a viver de pequenos furtos, quando é pego tentando devolver a máquina de escrever que roubara do escritório onde seu pai trabalha. Passa uma noite na cadeia e depois é mandado para um reformatório, onde também não se adapta.
É inegável o fato de que Doinel é alter-ego de François Truffaut, renomado diretor francês e pioneiro do Nouvelle Vague. Truffaut nasceu em 6 de fevereiro de 1932 em Paris e nunca conheceu o pai biológico. Seu sobrenome foi herdado do pai adotivo, Roland Truffault. Foi uma criança rebelde e, assim como Antoine, fugiu de casa e cometeu pequenos furtos. Truffaut afirma que tentou retratar fielmente no filme fatos ocorridos em sua infância, como o roubo da máquina de escrever, a estada no reformatório e a ausência dos pais. Além disso, Doinel e Truffaut têm em comum o amor pelo cinema e pela literatura.
Os Incompreendidos (Les 400 Coups – “pintar o sete”, em tradução livre para o português) é o primeiro longa de François Truffaut e um dos mais prestigiados. Ainda que não seja a primeira produção do movimento que revolucionou o cinema francês, Nouvelle Vague, o longa deu início à idéia do cinema autoral, no qual o diretor participa de todas as etapas do processo de produção do filme.  Os Incompreendidos foi produzido com poucos recursos, mas possui estética reverenciada até hoje, com primeiros planos e seqüências que nos aproximam do personagem e enfatizam suas emoções. Assim, as idéias lançadas por esse filme, como o conceito de cinema autoral e com recursos limitados, privilegiando a crítica social e a qualidade da estética, influenciaram o cinema produzido em várias partes do mundo, como o do Brasil (Cinema Novo).
Além da importância histórica, Os Incompreendidos inovou ao retratar a infância sem pieguices e sentimentalismos. A história do jovem Antoine  (que segue em outros filmes do diretor interpretados pelo mesmo ator) é solitária, triste e realista. Entretanto, Truffaut consegue mostrar beleza, esperança e honestidade em meio à dor e solidão presentes na vida de seu alter-ego.


Um comentário:

  1. Nossa.. me lembrei do filme Christiane F. Drogada e prostituída.

    Esse filme citado deve ser bom. Vou baixar ele ^^

    beju
    http://minhaformadeexpressao.blogspot.com/

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