Tecnologia do Blogger.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Acossado (1959)

Por Sofia Lobo

“Vá se foder” é o que diz Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) ao virar-se para o espectador. A desobediência da principal regra do cinema é uma das provocações de Jean-Luc Godard em Acossado (À bout de souffle, 1959). Um dos primeiros filmes da Nouvelle Vague, revolucionou o cinema francês e inspirou a geração posterior de cineastas da França e do mundo. Na verdade, o filme foi produzido de forma amadora por amigos de Godard: Claude Chabrol deu apoio técnico e François Truffalt foi co-roteirista.
Godard não era um amador. Na época era respeitado crítico de cinema na famosa “Cahiers Du Cinema”, na qual muitos diretores da Nouvelle Vague escreveram. Jean-Luc Godard defendia a idéia de um filme de autor, produzido sem pretensões mercadológicas, daí as características subversivas de seu filme. Acossado foi produzido no improviso, com o diretor gritando instruções ao atores enquanto filmava as cenas; há pouca luz artificial, algumas falas não possuem sincronia e a maioria das cenas foi gravada pela câmera na mão do diretor. Um filme ruim, considerando os padrões tecnológicos do cinema atual. Entretanto, o valor deste filme provém da polêmica que causou na época, por adotar métodos proibidos em cinema, pouco planejamento muitos tabus.

Na pretensiosa trama de Acossado, percebemos referências irônicas ao cinema norte-americano. Michel Poiccard é um carismático bandido que adota o pseudônimo Laszlo Kovacs, e sua figura característica lembra os típicos anti-heróis do cinema francês da época: usa paletó, gravata, chapéu e óculos escuros. Poiccard tenta a todo custo conquistar Patrícia Franchini, (Jean Seberg, cujo cabelo curtinho lançou moda na época). Michel é fã de Humphrey Bogart e parece mais uma caricatura de seu ídolo, com o olhar irônico e os trejeitos de anti-herói americano da década de 40.
Como o roteiro foi improvisado, a história não possui linearidade. Existem sucessões de carros roubados, perseguições, investidas de Michel para Patrícia e várias citações intelectualizadas, como “Penso na morte não às vezes, mas o tempo todo”, de Belmondo, e “Entre a dor e o nada, prefiro a dor” (do escritor William Faulkner), dita em certo momento por Patrícia.
O valor de Acossado é histórico, e vale a pena conhecer a raiz do cinema francês que influenciou a sétima arte do mundo todo.


Jean e Belmondo em Acossado (1959)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Blogger Template Mais Template - Author: Papo De Garota