Por Sofia lobo
Insano. Esse é o adjetivo que
melhor classifica Depois de horas (After
hours, 1985), de Martin Scorsese.
Quando Paul Heckett (Griffin Dunne) conhece Marcy
(Rosana Arquette) num café após o expediente, ele vê na garota uma oportunidade
para sair da rotina entediante. O que ele não sabia é que, ao
visita-la naquela mesma noite num bairro sombrio de Nova Yorque, sua
noite se torna um pesadelo urbano. Vários incidentes hilários e surreais o
impedem de voltar para casa.
Apesar da incontestável referência
sobre a sexualidade reprimida presente no filme (que percebemos na cena em que
o personagem observa num banheiro público o desenho de um tubarão mordendo o
pênis de um cara), o filme é uma homenagem à NY. Não possui a atmosfera pesada
de Taxi Driver, mas é igualmente desconcertante. Depois de horas mostra ao
aspecto multicultural da cidade: o personagem se depara com punks, garçonete e
vendedora de sorvetes carentes, mendigos, ladrões, homossexuais, uma escultora masoquista
e tudo o mais que se pode encontrar no subúrbio de uma cidade grande em plena
madrugada.
É uma comédia, mas não espere gargalhadas
a cada minuto. O humor negro é o que o torna interessante.
Martin Scorsese, sem dúvida,
tentou explorar um dos aspectos da vida humana: a circularidade. Um evento
desencadeia outro, como num dominó; todos esses incidentes desviam Paul Heckett
de seu desejo, que é voltar para casa. E, ao final, ele retorna para onde tudo
começou: o escritório onde ele trabalha.
Surreal. Surpreendente. Ótimo
filme.
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