Por Sofia Lobo
Esse post é uma modesta homenagem a Elizabeth Taylor, morta em 23 de março deste ano.
Quem está acostumado às superproduções repletas de efeitos especiais e ação normalmente se entedia com os diálogos ensaiados, intrigas superficiais e casais melosos dos filmes mais antigos. Realmente, muitas produções da década de 50 são assim – mas nem todas. Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958) é uma exceção. Adaptado da peça de Tenessee Williams, célebre dramaturgo americano, o filme se destaca por ser a primeira atuação verdadeiramente visceral de Elizabeth Taylor (que perdera o primeiro marido num desastre aéreo na época das filmagens) e um trabalho marcante na carreira de Paul Newman.
Brick Pollitt (Paul Newman, Butch Cassidy 1969) é ex- jogador de futebol americano e se tornou amante inveterado do álcool. Sua mulher, Maggie Pollitt (Liz Taylor, Quem tem medo de Virginia Woolf? 1966) tenta manter as aparências, mas a realidade é a constante rejeição que sofre pelo marido. Brick a culpa pelo suicídio de seu melhor amigo e também atleta, Skipper. A censura da época vetou a insinuação homossexual existente no texto original na relação de Brick e seu amigo. O filme justifica a mágoa do ex-atleta pela morte de Skipper afirmando tratar-se apenas de uma amizade intensa.
Brick e Maggie estão hospedados na casa do pai dele, Harvey “Big Daddy” (Burl Ives, Vidas Amargas, 1955), milionário que está com câncer e tem pouco tempo de vida, por isso despeja suas amarguras em quem puder ouvir.
Ressalto uma cena que me emocionou: a reconciliação entre Brick e Big Daddy no porão, cujos objetos empoeirados representam toda a vida da família e a decadência de suas relações. As atuações são memoráveis.
Apesar de ser repetitivo ao criticar a falsidade e a imoralidade, Gata em Teto de Zinco Quente é um filme singular. Embora desacreditado pelo próprio autor da peça original, consegue mais do que realizar uma crítica acerca da hipocrisia e falsidade reinantes na sociedade da época; mostra um chocante drama familiar, baseando-se apenas no texto e nas interpretações. Essa é uma característica que pode agradar ou não ao telespectador: o desencadeamento dos fatos se dá através dos diálogos e das ações dos personagens, que descem mais e mais até o fundo do poço da moralidade. É interessante observar até onde o interesse, a falsidade e a hipocrisia podem chegar.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=rDk0JtQHc0A&feature=related
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