SOBRE MENINOS E BOLOS (Parte III-Final)

Leia antes:
PARTE I
PARTE II

Depois do almoço, Lisa foi até a casa de sua melhor amiga, Taís contar tudo o que havia acontecido na manhã.
-O Rodrigo sempre foi um cara ciumento, ele sempre desconfiou de você, Li. Você fez bem em pedir um tempo.
-Não tenho tanta certeza disso. Ele encarou isso como um término mesmo, pelo que parece. Eu gosto muito dele, mas não tenho mais certeza se realmente vou ser feliz com ele ao meu lado. Não sei se vai ter volta... Estou cheia de dúvidas, mas eu gosto dele mesmo.
-Mas eu acho que são as atitudes da pessoa que fazem você amá-la mais ou não. Não vale a pena insistir em uma relação onde algo já está desgastado...
-Será que não?
-Lisa, pára, você sabe que isso é chover no molhado. Não adianta você pensar e achar que dessa vez tudo vai ser diferente, não vai. As pessoas não mudam, assim, do dia para a noite. Não mudam porque você quer que elas mudem. Cada um tem seu jeito. Ele não vai deixar você afetar a personalidade dele. Vocês podem até voltar, mas depois, isso vai voltar a ser um problema pra você.
-Mas todo relacionamento tem seus problemas, Taís...
-Tem sim, claro, mas é o casal que deve decidir se vale a pena continuar juntos apesar desses problemas. O Rodrigo já falou e deixou bem claro para você que não vai mudar. Cabe a você decidir se vai querer continuar ou não com ele. Talvez, até, VOCÊ é que vai ter que mudar, caso vocês reatem... Já pensou nisso, Lisa?
-Hm... Já... Mas não quero mudar também. Não abrirei mão do meu jeito porque o Rodrigo quer. Isso não vai me deixar feliz.
-Claro que não.Acho que se você estivesse disposta a mudar e estivesse satisfeita com a relação, provavelmente não iria pedir um tempo, não é mesmo?
-Sim. Mas eu pedi um tempo justamente por isso. Porque eu não sei se vale a pena ou não continuar. Preciso pensar, mas é difícil.
-Sabe o que é dificil? É dificil aceitar que amor, apenas, não sustenta uma relação. O Rodrigo, na minha opinião, deu muito mais motivo para você desconfiar dele do que você dele, não é?
-Deu, sim... E eu nunca fui do tipo ciumenta... Acho que o Rô sentia ciúmes por nós dois... Você me entende né, Taís?
-Claro que eu te entendo. Eu passei mais ou menos pelo mesmo dilema seu, com meu ex, o Bernardo, lembra? E eu sei o que é pior, o que você deve estar pensando agora, que foi o que eu pensei, pelo menos, quando terminamos... Eu sabia que o Bernardo não prestava, que ele é um burro chato e tem todos (ou a maior parte dos) defeitos do mundo, mas, apesar de tudo, era por ele que meu coração batia com toda a força do mundo. Era ele quem eu mais amo nesse mundo. Era por ele que eu morreria. Era o sorriso dele que me balança. E era com ele que eu queria passar a vida toda...
-Nossa, Tá, não é bem assim, eu não acho que o Rô tem todos os defeitos do mundo...
-Eu sei, eu quis exagerar, sabe?
-Sei, eu te conheço..., Lisa disse, comendo um pedaço de bolo.
-Enfim, mas é isso que eu queria dizer, eu amava o Bernardo, mas foram acontecendo coisas ao longo do nosso namoro que eu sabia que não valia a pena continuar e eu terminei.
-Mas... Como eu vou saber se vale a pena continuar ou não?
-Aí eu já não sei, né? Não sei como é o relacionamento de vocês.. O que eu sei é o que você me conta... Mas, seu coração, só você sabe. Eu já expressei a minha opinião. Relacionamentos são, sei lá... Como esse bolo de chocolate aqui: a melhor parte é o recheio. Mas é você quem deve saber se quer comê-lo antes da massa, junto com, ou depois da massa. O melhor do relacionamento é você quem sabe. Mas pode ser que o outro não ache que o melhor seja o recheio e vocês acabam comendo as partes diferentes, em momentos diferentes. O seu recheio (que seria o melhor do relacionamento), pode acabar antes do recheio dele! E o que é bom para um, talvez não seja o melhor para o outro... Você me entendeu?
-Hahaha, não sei... Acho que sim. Mas é da cereja que eu gosto mais!, falou Lisa, dando uma mordida na cereja.